A coisa começou bem com a Matilde que apareceu com o dedo polegar do pé inchado e quando se lembrava dizia: "Ai! o mê pé..."
Fomos à farmácia, mas perante o cenário o Sr. farmacêutico achou que aquilo era alguma unha encravada e que o melhor seria irmos ao médico.
Entrei logo em stress porque se há coisa que eu queria estas férias era afastar-me dos aglomerados de gente, por causa das gripes não é? e logo me ia meter na boca do lobo...
Lembrei-me então de procurar um médico que tivesse convenção com a ADSE, mas tinha que ser rápida porque já eram 18h00 de sexta-feira.
Andámos alguns metros e logo encontrámos uma clinica convencionada, "Que sorte" (pensei eu!) mas passou-me logo porque assim que lá entrei tinha afixado na parede um papel enorme a dizer: "Não temos ADSE".
Acabei por ir para casa resignada a esperar que o dedo do pé não piorasse e pelo sim pelo não enfiei-lhe um colherada de Brufen.
Ainda assim ela continuava a queixar-se do "mê pé" e fui perguntar à vizinha se havia mais algum médico convencionado por cá, mas nada.
Fiquei a saber que aquele era mesmo o único do Algarve e arredores e que deixou de ser porque a ADSE não lhe paga (que cliché....) pois a mim é que eles nunca se esqueceram de levantar os não sei quantos porcento de meu miserável ordenado, mas pagarem que é bom, nada.
Resumindo, anda uma pessoa a descontar para ter um serviço que depois não usufrui porque a entidade que mo saca a mim não paga aos médicos. Por Favor....
Continuando, a alternativa foi mesmo ir ao centro de saúde.
Quando lá cheguei fui atendida por um segurança que tinha cara de quem não jogava com o baralho todo e que mais parecia que estava em casa do que num posto de trabalho e que me mandou tirar uma senha. Lá tirei a dita senha que se designava por senha do turista (lindo, não!) e sentei-me num banco à espera. A Matilde só por se encontrar ali deve ter-lhe passado logo a dor do pé porque o seu entretêm foi saltar das cadeiras da sala de espera para o chão vezes sem conta. Ao fim de uns 45 m um enfermeiro lá nos chamou e depois de ver o pé da criacinha concluíu que não devia ser a unha encravada. Depois fomos fazer a ficha que aqui a coisa funciona ao contrário dos outros sitios 1.ª faz a triagem e depois é que faz ficha.
E porquê perguntamo-nos???
Porque nos outros lugares fazemos triagem e é-nos atribuída uma côr consoante a gravidade do nosso estado de saúde, já aqui isso das cores não existe o enfermeiro é que decide a gravidade do paciente e não decide a côr, decide mesmo se tem ou não o direito de ser atendido pelo médico.
Nós tivemos sorte e lá fomos remetidos ao médico.
Para fazer a ficha fomos atendidos por uma Sr.ª brasileira (é que em portugal não temos gente suficiente para ocupar os lugares de administrativa e então damos emprego às brasileiras) que enquanto fazia as fichas também fazia de médica e ignorando a receita passada por um médico a uma Sr.ª com um brutal escaldão lhe dizia com um ar muito entendido " Oh! moça você não liga não ao que esse cara receita aí, você passa o corpo todo com leite e fica como nova."
Fomos atendidos por uma médica também ela estrangeira que depois de a observar ficou na dúvida entre não saber o que ela tinha ou um dedo do pé partido. Acho que o diagnóstico do partido foi mesmo pelas performances da minha filha que quase dizimou o consultório da Dr.ª e fez um pouco de tudo entre escalar a marquesa e rasgar todo o papel da mesma. E então tal qual a lógica da batata ela concluíu que a menina é muito irrequieta (vejam só a caluniar a minha filha de irrequieta??? por favor...ela é um cordeirinho...).
Mandou-a para casa a tomar Brufen de 6 em 6 horas e uma pomadinha para o dedo do pé e se não passasse até ao dia seguinte para lhe darmos antibiótico e se mesmo assim não passasse para irmos a Loulé fazer um rx. Novamente a lógica da batata 1.º medicou a criança sem saber a quê e depois em último caso, se não passasse, é que fazíamos o rx para confirmar se era ou não fractura.
Depois de um dia inteiro a pôr pomada e ela a queixar-se do "mê pé" olhá-mos para ela que estava nada mais nada menos do que a roer as unhas do pé.
Qual fractura, qual unha encravada, o problema dela era mesmo andar a roer as unhas do pé e então não é que arrancou um bocado de unha tão grande que estava curvada para cima que o inchaço desapareceu.
Isto há coisas...
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